11/11/2009

Ich bin ein Tuga

por José de Pina*, publicado em 11 de Novembro de 2009, no I online

Desde o início da humanidade, os muros foram sempre um símbolo de propriedade privada, logo de liberdade, e por consequência da democracia. E é por isso, com espanto, que vejo capitalistas a comemorarem a queda de um muro e comunistas a defendê-lo. A política é mesmo complicada; depois não se queixem de que o povo não se interessa por ela.

No nosso país os muros das propriedades são sagrados, são a prova de uma vida de sacrifício e de empreendedorismo. Quem tem um muro é porque, de uma maneira ou de outra, teve sucesso na vida. Podemos afirmar que no nosso país as querelas entre vizinhos por causa dos muros das propriedades já mataram, à sacholada, mais pessoas que o tão criticado Muro de Berlim. No entanto, uma obra como o Muro de Berlim não seria possível em Portugal. A construção ia atrasar-se de tal maneira que toda a gente já teria fugido para o outro lado quando o Muro de Berlim português estivesse acabado. O custo final do muro iria derrapar mais de 100% relativamente ao orçamento inicial e ainda antes de se começar a construir já o orçamento teria derrapado 50% ou mais! E isto se J. Sá Fernandes não resolvesse embargar a construção do muro, invocando questões de segurança, de volumetria ou de santanismo. Finalmente, a maior diferença entre os muros português e alemão é que o nosso cairia muito mais cedo, logo às primeiras chuvadas de Inverno; haveria deslocamentos de terras, infiltrações e em poucos anos cairia de podre, que é como cai tudo em Portugal.

*Argumentista/Humorista

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